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Abril de 2024
Direito & Justiça

Prisão

Advogado suspeito de irregularidades na Afipe é preso por dirigir bêbado e desacato

Em 2020, ele foi denunciado pelo MP junto com padre Robson de Oliveira por suspeita de vários crimes; há ainda um pedido de prisão contra ele feito pela PF ao STJ

Foto: Reprodução/TV Anhanguera
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Advogado Anderson Reiner Fernandes foi preso suspeito de dirigir bêbado e por desacato em Goiânia, Goiás

07 dezembro, 2021

O advogado Anderson Reiner Fernandes, que é suspeito de irregularidades na Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), foi preso por dirigir bêbado e desacato, conforme informou a Polícia Militar. Um vídeo feito pelos policiais após a detenção o mostra bastante alterado (veja acima). O advogado foi solto após audiência de custódia. Em nota à TV Anhanguera, a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Goiás (OAB-GO) informou que foi informada da ocorrência e que a Comissão de Direitos e Prerrogativas acompanhou o advogado. Disse também que oferece esse apoio a todo advogado preso, mas só mantém a assistência em casos que impliquem na violação do exercício profissional. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do suspeito para que se manifestasse. A prisão aconteceu na noite de sábado (4/12), em Goiânia. Os policiais militares relataram à Polícia Civil que foram chamados pelos funcionários de um restaurante no setor Vera Cruz porque havia um homem bêbado no local querendo brigar e perturbando os outros clientes. No entanto, quando a equipe da PM chegou o suspeito havia acabado de sair. De acordo com a ocorrência, os policiais o encontraram dirigindo um carro de luxo em zigue-zague na GO-060. Durante a abordagem, os policiais relataram que foram xingados pelo advogado. A embriaguez foi constatada por meio de exame clínico realizado no Instituto Médico Legal (IML), conforme a ocorrência. O advogado foi um dos denunciados pelo Ministério Público, em 2020, no caso que apura supostos desvios de dinheiro de doação de fiéis à associação durante o comando de Padre Robson de Oliveira. Há ainda um pedido de prisão temporária feito contra ele pela Polícia Federal ao Superior Tribunal da Justiça (STJ) por suposto envolvimento de pagamento de propina a desembargadores. Este pedido também se estende ao padre (veja mais detalhes abaixo).

Investigação MP

O advogado foi um dos denunciados pelo MP-GO por organização criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro doado por fiéis à Afipe. A investigação na Afipe começou quando o padre Robson de Oliveira ainda era reitor do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno. Segundo o MP, ele teria criado associações para desviar mais de R$ 100 milhões em doações de fiéis para comprar fazendas, casa na praia e até um avião. O MP cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao padre Robson em agosto de 2020. De acordo com as investigações, as associações criadas pelo religioso movimentaram cercar de R$ 2 bilhões em dez anos. Durante as buscas, o MP encontrou uma carta enviada pelo advogado ao religioso falando sobre supostos 'atos ilícitos' dentro da associação De acordo com a denúncia, Anderson Reiner Fernandes era suspeito de auxiliar nas atividades lícitas e ilícitas, organizar as fraudes e figurar em diversas transações ilícitas como interposta pessoa (laranja).

Investigação bloqueada na Justiça

Em outubro de 2020, o Tribunal de Justiça determinou que as investigações fossem interrompidas por entender que não estavam presentes os crimes apontados pelos promotores. Após recursos, o caso foi para o STJ, que em maio deste ano, manteve a investigação bloqueada. À época, o desembargador Olindo Menezes considerou que as provas usadas pelo Ministério Público durante a operação foram compartilhadas de maneira ilegal de outra apuração. O Ministério Público informou, no dia 19 de novembro, que o julgamento ainda estava pendente e que não houve o encerramento de todo o processo. O órgão disse ainda que não foi analisado a legalidade ou não das provas obtidas. “O objeto de recurso é a tipicidade/atipicidade dos fatos (se há crime ou não há praticado por Robson e os demais)”, diz a nota. O MP ainda aguarda o julgamento do recurso pelo STJ. O g1 pediu uma atualização do andamento do processo ao MP na tarde de segunda-feira (6/12) por meio de e-mail enviado às 14h45 e aguarda um retorno.

Pedido de Prisão

Em novembro deste ano, a Polícia Federal protocolou um pedido de prisão contra o padre Robson de Oliveira no STJ. A investigação apura a suspeita de pagamento de propina de R$ 750 mil por parte dele para dois desembargadores e um juiz substituto do Tribunal de Justiça de Goiás. De acordo com o documento, a negociação seria destinada para o ganho de uma ação judicial da compra de uma fazenda. O pedido de prisão temporária também se estende a Anderson Reiner Fernandes e mais duas pessoas ligadas ao padre.

STJ nega recurso de desembargador suspeito de dar decisões favoráveis ao padre Robson

A defesa do padre disse, à época do pedido da PF, que os fatos usados para fazer o pedido são antigos e que não existe justificativa para a prisão. No dia 22 de novembro, a defesa informou que defendeu durante uma audiência com o ministro relator Benedito Gonçalves as razões para que o religioso siga solto. O STJ disse, em nota, que "não divulga informações sobre ações originárias em segredo de Justiça, as quais estão sob o comando dos respectivos relatores, sob pena de prejuízo ao andamento das investigações". O g1 questionou ao advogado do padre o andamento do pedido de prisão até esta segunda-feira e aguarda um retorno.