Sábado, 20 de
Abril de 2024
Estado

Excesso

Caiado diz que PMs filmados durante agressão a advogado excederam as regras: 'Está nítido'

Orcelio Ferreira Silvério, pai do advogado, disse que o filho chegou a desmaiar por três vezes

Fotos: Divulgação
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Não tenho dúvida, está nítido [sobre o excesso na ação], tanto que o comandante da PM já tomou as atitudes", declarou Caiado

22 julho, 2021

Goiânia (GO) - O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), disse nesta quinta-feira (22)7 que a ação policial em que o advogado Orcelio Ferreira Silvério Junior levou uma série de socos excedeu as regras da Polícia Militar. Vídeos registram a agressão em Goiânia (veja acima). Um policial foi afastado. "As pessoas que extrapolam as determinações da polícia, nós não admitimos. Ninguém aceita quem quer que seja extrapolar o limite. Não tenho dúvida, está nítido [sobre o excesso na ação], tanto que o comandante da PM já tomou as atitudes", declarou Caiado. A agressão contra o advogado aconteceu na quarta-feira (21/7). Vídeos mostram quando ele leva uma série de socos de um policial militar do Grupamento de Intervenção Rápida Ostensiva (Giro) enquanto era segurado por outros agentes e já estava algemado. Em seguida, ainda levou um tapa no rosto e foi arrastado pela calçada. Orcelio Ferreira Silvério, pai do advogado, disse que o filho chegou a desmaiar por três vezes. As imagens mostram que um PM chega a imobilizar o advogado apertando o pescoço dele com as pernas. "Estou me sentindo um homem morto, porque um pai que vê um filho ser espancado e não poder fazer nada. Um homem de 62 anos que toma remédio controlado. Eu fiz três pontes de safena há três anos. É muito revoltante", lamentou Silvério. A aposentada Neuza Maria Costa, 70 anos, disse que tentou ajudar o advogado ao pedir para os policiais pararem com as agressões. "Foi a hora que eu abaixei e pedi para não fazer aquilo porque estava enforcando ele. Eu senti que foi muita violência, não precisava daquilo tudo não", destacou.

PM afastado

A Polícia Militar disse em nota que afastou das funções operacionais o policial que aparece nos vídeos dando socos no advogado. A corporação informou ainda que não compactua com qualquer tipo de excesso e que o caso está sendo apurado com o devido rigor. De acordo com a PM, a confusão começou quando a equipe abordava um flanelinha no estacionamento do camelódromo, em frente ao terminal Praça da Bíblia. Segundo o boletim de ocorrência, o cuidador de carros estava ameaçando motoristas a pagarem por terem estacionado no local. Segundo a equipe, durante esta abordagem, o advogado se aproximou com o celular em mãos filmando a ação. Consta que, ao ser questionando pelo motivo da gravação, Orcelio respondeu estar a trabalho, sem dizer sua qualificação ou função ou o porquê de “estar invadindo o perímetro de segurança da abordagem policial”. Os PMs disseram que precisaram conter o advogado porque ele desobedeceu a corporação, desferiu chutes e mordeu o dedo de um policial.

Agressão em delegacia

O advogado denuncia que foi agredido novamente pelos policiais. Desta vez, dentro da Central de Flagrantes da Polícia Civil, para onde foi levado após a abordagem em frente ao camelódromo. "Fui agredido dentro do pátio da delegacia, já entregue, e dentro da triagem também. Pedi socorro, e uma policial civil que não quis se identificar foi negligente no momento que estava sendo torturado", denunciou o advogado. Por meio de nota, a Polícia Civil informou que está tomando as medidas cabíveis para esclarecimento dos fatos e, se necessário, comunicará a Corregedoria para as devidas providências.

OAB repudia ação "criminosa"

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Goiás, Roberto Serra, classificou a ação dos policiais de "criminosa" e "desastrosa". Ele afirmou que o advogado foi torturado e houve abuso de autoridade. "Em nenhum momento ali se verificou o mínimo de respeito aos procedimentos [da PM].Foram cometidos crimes de abuso de autoridade e até mesmo tortura, haja vista pelas imagens que o advogado se submeteu a intenso sofrimento", ressaltou Serra. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, disse em rede social que as imagens são "enojantes". Chamou os policiais de milicianos e que sabiam que estavam sendo filmados. "Imagine o que fazem sem testemunhas. Iremos acompanhar o caso", destacou o presidente da OAB. A Defensoria Pública de Goiás, por sua vez, disse em nota que a abordagem naquelas condições violam a dignidade humana e que não pode ser tolerada em um estado democrático de direito. "A truculência, despreparo e abuso dos policiais impressiona", diz a nota.